23 de agosto de 2017

Leão Vermelho



O que está a acontecer é um milagre. Quantas pessoas, cores, matizes, confluências e encontros.
O Leão Vermelho (colado com esperma de dragão das águas). Mentira? Este Leão vermelho viu Alfama. Talvez por ela através tenha sonhado um dia. Não sabemos o saber da sua percepção mas solto foi. Salvo. Soltei-o no momento em que o vi. Vermelho. Fechado mas protegido ficou, com ursos dançou, trezentas mil ondas surfou. Solto faz parte, solto contempla livre onde o tempo não chegou. Compreende só. Pleno real no ponto infinito do esquecimento liberta a juba. Afinal é rei.
Descaia tubular irresistível como mel. Foi tão forte o seu olhar que o papel com o vento voou da esquina para um olival bem basto. Ai respirou mais fundo, voltando amansou e encontrou-se atento no movimento sem distância de um novo amigo imaginário. Um vento quente sobre alma planície de fino feno que soberano viu plantar, regar, nascer, crescer num todo de mol massa, dançar tão fino quanto o seu incondicional olhar. Lama chuva cinza luz tão pura quanto o sol a dádida do dar. O ânimo.
Integrado, um dia foi colado num largo amigo de escadas e becos, vizinhos salamalecus, atrevida voada numa soma sincopada com o bater de um coração.
O tudo bem basta viu o leão, correu com a incompreensão, brincou com as crias da saudade, caçou a distância, a preguiça, o desejo, a confiança e a salvação. Longo lânguido feno que do vento pão traria da corrida no encalço da impala. Por vítimas foi vitimamente caçado e cobriu Incompreensão. Favos de abelha de novo comeu e Beleza nasceu quando Busca apareceu vinda de outro lugar.
Ouviu reis de copas, com rainhas desenhou, bailarinos pintou e com águias dançou, de pedras se enamorou, cadeiras virou e muitos pregos adorou.
Com as chuvas veio o vento e com ele a colheita para um negro fecho de necessária transmutação. No escuro repousou imóvel a inquietude do reencontro. Corpo luz e elasticidade. Velocidade. Compreendeu algo do humano na fugaz ternura do abraço, na inconsequência de cada passo. Agora voltou e de novo vê pois solto está. Ficou e olha demorado os rodopios do seu vento quente sobre feno reforçado unido no balanço.

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