31 de maio de 2009

Naked Sahara






Restinga
31 5 2009
17:26

23 de maio de 2009

weekender




Numa Estrada

17 de maio de 2009

Baseline



Morro Bento
9 5 2009
09:15

11 de maio de 2009

Untitled




Embarcadouro
24 4 2009
16:49

10 de maio de 2009

Crepusgular


Nova Vida.
Luanda Sul.

9 de maio de 2009

111

Winners

Palankinha


Golden Gates
...

Baldio Multiperfil.
9 5 2009
Impossível fazer este post sem agradecer ao Alberto Bambi. Mentor e gerador do Clube Desportivo Madre Rita. Numa cidade como Luanda o seu clube tem 111 crianças divididas por 5 escalões e tem como objectivos e orientação: evitar a delinquência infanto-juvenil, a formação académica e profissional e isto... através do desporto.

"...Rumo para 2018 com a bola no pé e o lápis na mão!!!"

E sabem que mais? Tem resultados!

5 de maio de 2009

O Ovo





Eu. Eu tive uma infância feliz. Recebi amor. E como todas as crianças da minha geração tinha 3 meses de férias. Julho, Agosto e Setembro. Este tempo de crescimento era saudavelmente passado entre praia e campo. Era metido numa “carreira” no Campo Grande que seguia para Bucelas onde fazia uma paragem e seguia até ao cruzamento da Perna de Pau numa aldeia perto de Sobral de Monte Agraço chamada São Domingos de Carmões. Esperava-me o sorriso contido da minha avó materna que depois de um beijo seco me dizia sempre que estava magro. A Dona Lucinda.
A taberna da Lucinda era o único local de encontros e desencontros da pequena aldeia que era São Domingos. A minha base de brincadeiras e descobertas infantis. Vendia-se muito naquela altura. Vendia-se a nossa fruta, vinho, animais vivos e mortos de criação. Vendia-se tabaco. Vendia-se uma televisão sempre ligada a tinto e branco para todos os que ainda não tinham uma e para os outros que precisavam de um pretexto para sair de casa e pretendiam fazer uma troca de impressões quase sempre sobre lavoura, alfaias agriculturais, cooperativas, bola e a vida do próximo que sempre me pareceu a de todos. Se não andava pelo campo de bicicleta, a fazer carrinhos de esferas, a nadar em poças de água ou pendurado em tractores, trabalhava a servir copos de vinho, aguardente, licor caseiro, a vender mortalhas, onças de tabaco, Definitivos, guloseimas e melão a peso. E fazia trocos. Enquanto isto era sempre gozado e sem cerimónias, por todos os que naquele lugar paravam. Alfacinha e “tenrinho”, era o alvo preferencial para a gargalhada geral e constante aprendizagem da retórica saloia. Era um puto, uma esponja que assimilava maravilhado a partilha do espaço de convívio dos homens grandes da aldeia. Ouvia crescendo e dormia todos os dias sozinho, mas profundamente.
Uma noite de Verão, de um ano no inicio da década de 80, depois de jantarmos e com a taberna vazia, o eterno companheiro da minha avó, o Sr. Domingos, que para mim se tornou a referência de um avô sem o ser por sangue mas que foi o responsável pelo meu reconhecimento de informação relacionada com produção de vinho, agricultura estremadura, genuinidade, afastamentos, distinta descrição e amor incondicional, disse-me ser possível equilibrar um ovo. Lembro-me que questionava sempre o que eu aprendia na escola e tinha como dado adquirido. Falávamos muito. E eu, estudante primário da cidade “a cheirar a leite” depois de ter lido sobre Colombo respondi-lhe com ripanço que isso era impossível. Gozei-o. Para mim que só partindo a casca, parti-me a rir. Por seu lado, o Sr. Domigos sempre calmo e enorme, respondeu-me assertivamente que não. Que com concentração e paciência o famoso Cristovão não teria tido a necessidade de fazer batota porque era mesmo possível. E disse-mo com um olhar que para sempre guardarei porque me fez tomar a atitude de ir buscar aquele que seria o objecto da minha próxima experiência ou gozo cerrado durante dias. Um ovo. E para por de pé.
A técnica, explicou-me, era simples. Só tinha mesmo de querer. De acreditar que era possível. De seguida sentou-me num banco em frente ao balcão de mármore branco bem vivido que tinha um cheiro que só se encontra em tabernas. Forte. Uma base rígida. Bem construída e alinhada pela bolha de ar em relação à crosta terrestre. Colocou-me o ovo na frente e disse-me para lhe tocar apenas com quatro dedos. Indicadores e polegares das mãos esquerda e direita. Disse-me para fixar o ovo à altura dos meus olhos e o sentisse. Fui o que fiz.
No inicio pareceu-me impossível que estivesse a fazer aquela figura numa taberna de porta aberta para gáudio de todos os que subiam ou desciam a rua. Mas já estava. E abstrai-me de tudo e todos fixando o meu ovo com o propósito de o equilibrar. Desliguei-me, ligando-me a um ovo. E vivi um dos meus primeiros momento de abstracção concentrada consciente. Imóvel durante pelo menos meia hora e focado na célula, senti que existe um ponto de equilíbrio vertical. A linha da força da gravidade comum a todos e que tudo atrai para o mesmo centro. Sente-se muito bem. O ovo dança à sua volta evitando-a. As pontas dos dedos alternam o contacto mililimétrico e pode de facto ver-se uma força magnética em torno da linha de força vertical. E eu senti-a. E apercebi-me que era a colocação e distribuição do peso da matéria nesse ténue mas concreto ponto que tornaria o impossível em realidade. Totalmente perdido no tempo do processo e sendo completamente ignorado pela minha teimosia e imobilidade, chegou 0 momento. Atingi o ponto de verticalidade sentindo que o alinhamento estava feito antes mesmo de perder o contacto com a casca. Quando o soltei já tinha a certeza de que tinha conseguido. O “impossível”. E na minha frente, na taberna da minha avó, encontrava-se um ovo in tacto em perfeito equilíbrio.
Esbugalhado olhei para o Domingos e com o olhar apontei-lhe para que visse com os seus pequenos olhos vidrados o resultado do seu desafio. Calmo e grande, levantou-se na minha direcção, tirou a boina e de mãos nas algibeiras permaneceu em silêncio sorrido. A minha avó sentada no cadeirão de madeira de almofadas de crochet ficou incrédula de orgulho. Não acreditava que era possível. Mas era. Foi. É!
Por três minutos o ovo manteve a sua posição. Manteve-se no seu ponto de equilíbrio central e depois rebolou sobre si mesmo porque sim.
Nesse dia senti o sabor da conquista, uma harmonia que gosto. Uma elevação pela concretização do inesquecível.

No passado ano, voltei a São Domingos e enquanto pintava tive esta memória. Comentei-a e ninguém acreditou porque tinham de ver para crer. E viram. Viram um enorme ovo de avestruz em equilíbrio e sem que ninguém lhe toca-se.
Foi assim.



Luanda Sul, 1 de mai0 de 2009
Devir

4 de maio de 2009

One



1/1 Stencil
sobre contraplacado marítimo.

1 de maio de 2009

tan go





Projecto Nova Vida
2 5 2009
00:07