A arte desde muito cedo que é o tempero da minha vida. A
inspiração encontram-me assíduo num espaço, tempo e recursos para o
poder gerar, transformar, avaliar e fruir à 20 anos dedicados. Uma vivência com imensos altos e baixos, um mar de aprendizagem por um equilíbrio necessário. Nada de novo, um museu de um sonho saído, que se revela em
cada degrau do desenrolar da película.
Abraço propostas e processos em aberta co-criação que subentendam verdade, escuta e concórdia.
Descendo ao seu tempo, irá aceder a fotografias de uma seleção de algumas obras desorganizadas por diferentes anos e fases. Celebramos pois, originalidade, diversidade em devir num caudal de surrealidade, sugestão e suprematismo num poema aberto e por terminar partilhado. Arte ibérica, sementes, pontes, beleza e Sol. Em contra tempo.
Boa viagem. Bem hajam!
- Gestação -
200x148
2020
Giz de cor sobre tela de algodão
- Entendimento & Concórdia -
59.5 x 52.3x1,6 cm
2024
Tinta acrílica sobre madeira. Série Devir
- Nashi -
2023. 100x100cm
Tinta acrílica sobre tela.
Série Devir
.
Os guinchos, risos e vozes das crianças a brincar no recreio aqui ao lado foram substituídos por tubos de andaime batente, rebarbadoras que serram ferro e martelos pneumáticos que reconstroem sem término o muro da escola aqui na rua. Neste estúdio, no outono de 2015, pintei em catarse. Um processo de libertação de raiva, incompreensão e desespero tão violento que partiu sem conserto a grade de madeira. A tela resultante do que considerei ser uma terapia seria então publicada com o nome de Nemesis e ficou reservada com o escrito no verso: –“ficou por resolver começou a chover”. A base de Nashi.
Pintar um negativo era um projeto reservado para o culminar do ciclo de trabalhos identificados como Devir. Pintado na vertical, Nashi é um negativo. Um objecto photo-graphico que na sua inversão se revela unificado.
Na profundidade Atlântica, neste mesmo momento, Nashi, uma cria de baleia azul na cadência do nadar movimento eco do corpo de sua mãe, acorda para a consciência da interconectividade de um planeta que é Ela, viva, suspensa no infinito azul.
- Arminho -
50x40 cm . 2019
Giz sobre tela
.
Materiais: Tintas acrílicas, spray acrílico, pastel seco, grafite, goma laca, fixador e tempo.
Algumas obras são o que querem ser além da vontade ou pré-difinições do seu criador. Pelos momentos e atmosferas que atravessam durante a sua concepção, cristalizam energias e atmosferas que por camadas surpreendem e dirigem para um resultado inesperado e insólito. Estas, são normalmente as obras seminais que abrem afluentesna composição final do legado do seu autor. A Visita assume-se como uma dessas obras porque foi o ponto de partida experimental para o que eu viria a chamar de sugestionismo e que deu origem a outras obras posteriores, nomeadamente, Composição III (2020) e a Canção da Borboleta (2021). A tela que por muito tempo aguardou resolução, foi incorporando desenho e afinações de cor que se revelaram passo a passo em direcções intercaladas.
O tempo e disponibilidade com vagar, bem como a permanente acessibilidade foram decisivos na sua concepção. Fixa na parede do atelier, resultou de processos de preenchimento e subtracção durante muitas sessões recebendo pressão e decalque. Durante a sua palingenesis, o encontro do livro A Nova Terra de Omraam Mikhael Aivanhov integrado no meu processo de desenvolvimento pessoal e espiritual, trouxeram consigo opções cromáticas experimentadas nesta tela. Este quadro documenta essa evolução de consciência provando-a enquanto alvo de dinâmica meditação. Em detrimento do que é, o Ser criante.
A reprodução de Angelus Novus (1920) de Paul Klee afixada na parede do atelier (colada no verso), de forma subtil e assertiva, viria a ser a evidência que a emanência devolvida por outras obras envolve e condiciona os processos de criação. Em inspiração inconsciente fui tomado de uma urgência de cristalizar energia angélica nos vários elementos e manifestações da composição, que em desequilíbrio se alinharam numa leitura em continuum balanceiada entre inocência e maturidade. Em vertical reconhecimento foi pintado o escrito «ANJO» assumido como mnemónica integrante da composição.
São todos os seres e entes que habitam a Visita que nos chegam, ou seremos nós, enquanto observadores contemplativos, que os visitamos nas suas várias dimensões?
- Au Revoir Melanie -
2022

- Canção da borboleta -
2021.
Acrílica sobre tela. 100x100cm
.
Passos pequenos, superfícies enormes. Formas veladas sobrepostas, juntas, conectadas por desejo firmado em sonho. Um processo de acrílica pintura que na sua progressão foi lenta e livre fruiu cada momento e gesto como espelho. Na revelação, no encontro do limite da sugestão das distintas leituras, no toque e interacção de cada tonalidade e volume, fluxo, fracturas, dobragens, quedas, ascensão, equilíbrios sinuosos, lucidez e verticalidade. Densidade caleidoscópica onde sutis graus de desfazamento antecipam um novo lugar. Flexíveis padrões de movimento que convergem num encadeamento de reinvenção que dissolve tempo com vagar. Beleza. Natural linguagem, que integrando todos os mecanismos de hibridação anteriores, paradoxalmente os anula num pulsar inocente que, como um recém nascido, vem envolto na diversidade de combinações que ele próprio gera. Composição dinâmica que consolida a progressão de cada posição que a antecede na abertura de um espaço para a frente em projecção de futuro, só futuro, que soltando amarras, tudo perdoa, confiando por compaixão à luz de um amor universal que avança sem percas nem competição. Natural reflexo, combinado com humilde contemplação, integrada no encontro do amor na busca da sua essência. Passos pequenos, superfícies enormes.
A Canção da Borboleta, quando rodada no sentido inverso dos ponteiros, devolve quatro composições:
Prelúdio. Entrega. Caudal e Concórdia.
***
Song of the Butterfly
2021
Tiny little steps, gigantic surfaces. Overlapping glazed shapes, connected together by desire writen in a dream. A painting process that slowly and freely engaged each moment and gesture as a mirror meeting the eyes of the observer, in the touch and interaction of each tonality and volume, flow, fractures, folds, falls, ascent, sinuous balances, lucidity and vertical presence. A kaleidoscopic density where subtle curtines of lectures anticipate a new structure. Flexible patterns of movement used in a chain of reinvention that embraces time slowly dissolving it. Beauty. Natural language, which, by integrating all the previous hybridization mechanisms, paradoxically deletes them out in an innocent pulse that, like a newborn, comes involved in the diversity of combinations that it self generates. A composition that resume each moment that precedes it, opening a space forward, projecting the future, only future free from ties with the past, forgiving, trusting with compassion in the light of universal love that evolves without loss or competition. Natural reflex, combined with humble contemplation integrated trought the re-encounter of love in search of its essence. Small steps, gigantic surfaces.
The Butterfly Song, when rotated clockwise, returns to observation four compositions:
Prelude. Concord. Flow and Delivery.
2018
- Unaceptic -
2014
60 x 40 cm
.
- Wappu -