Água de rosas, algodão em rama.
Hoje acordei de novo como bóia amarrada no bombordo das palavras por conter.
Não contenhas. Numa parede por caiar, li um dia que conter é verbo alagado de nós e nãos e nadas e portas batidas fechadas no trinco, que só se abrem com cuidar.
Cho co la te. Cho co la te. Navegava num mar de cho co la te quando na minha mão a vi dizer inteira:
- “A poesia, vai salvar o mundo”. Retorceu na sua língua um esperanto tsunami que tudo levou por ser crente cardíaco compulsivo e calvo. Fiquei à deriva.
Sem alternativa, achei que morria, mas Boca-a-boca, fui resgatado por um tapete voante de retalhos feito por canetas de tinta de choco pescado á candela nas noites temperadas do verão.
Esfarrapado pela intempérie de Hollywood, fui encontrado pela meia maré a encher numa praia postal com pocinhas de concha mimadas pela dança das algas que te ofereci. Sem redundâncias nem pesos por pesar.
Ai, nessa costa lá, apareceu. Corpo nú e delgado, um pedaço de palmeira na mão e carregando o som do marulhar de todas as ondas, um homem. Apareceu.
Deu-me água de coco, um abraço e a companhia silenciosa de todas as catedrais. E desapareceu dali ficando aqui, de onde nunca mais saiu.
Água de rosas, algodão em rama, um momento tão absurdo quanto um mundo com fronteiras e contentores. Naufragado.
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