12 de janeiro de 2017

Finissage




Um final é um início. Um início pressupõe o novo, um caminho, uma direcção. Que direcção a tomar? Que caminhos escolher? Será válida uma continuidade? Cortar com o projecto devir tem o sabor da ansiedade, o extenso peso da dúvida que associo a florescimento. Deverei fazê-lo? Encontrei uma linguagem compreensível? Compreendo-me agora onde nunca estive outra vez? Terei energia e recursos para o fazer? Mereço continuar a transportar a água que raramente bebo? Qual a importância de um nome e a proporção da sua (in)significância? Perdi-me no credo de encontrar? A arte leva-me ou devo eu levar a minha arte? De que serve e como serve? Serei causa ou acidente, o player ou a playlist? Reguei silêncios ou inflamei ruído? Contribuí ou reclamei? Sou o que desejo ou desejo só ser? Sou a escada ou um degrau? Ambiguidade ou poesia? Sou o feno, o ceifeiro ou o campo em pousio por lavrar? Terei sido sem ser? Foste um sonho ou és real? 
Não sabendo pergunto na recorrente esperança de ouvir uma brisa só que seja sobre feno. O fino feno.

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