Três páginas arrancadas por contracção, mão presa, densidade
de negação, ausência, decréscimo. Não saber. Contracção sem resposta de válida ou
construtiva reacção. Densidade. Alfama, Sé. Retoma Tejo de luz sem da luz me
aperceber. Densidade. De nada espelhar. Entrega, procura desconstrução. Flip
flops em solidão. Descentralização, indecisão. Desvio de controle de matéria.
Inteligível, corrigível, permutável. Desconteúdo folgado, medida por medir
exteriorizada. Nada.
Acréscimo de pouco saber pela ausente resolução. Expiação,
armadilha, desfloração. Desencontro e solidão. Submissão, descontinuada
sobreposição. Atulhar. Soterrado por omissão. Medo e indecisão. Casca grossa.
Protecção.
Doutrina nasal, assassina. Afastada resina desbotada de
amor. Presa fácil andorinha. Vôo, vôo, vôo na certeza lembrada de não o
conseguir fazer. Vazio turpor. Rasgado sem mutação, âncora, raiz ou leme.
Regalado rodeado da proporção alheia dada tenaz. Inexistente tentativa de
acordo por nivelar. Distancia. Embriaguez adúltera assalto ingrato desmedido.
Descontrolado na acutilância. Telecomando. Actor não identificado. Cansado. Na
confirmação e sempre dado. Partilhado, estilhaçado. Descordenado, cordeiro
levado. Constatação, atracção de negatividade sem filtro. Desenraizamento
assente nas externas leituras desafinadas na cirúrgica ilusão da impotente
castração. Sobreposição da soma de leituras emocionais, visuais e humanas no
momento do sossego conseguido de cada topo em conquista por
dádiva. Acusação, auto-flagelação, imputação por frágil constatação. Ciúme,
aversão. Mongólias ilusão? Acréscimo fantoche sem designação de um plano
calculado treinado, ensaiado. Trabalhado. Borrado.
Tremenda dificuldade de aceitação de mim mesmo. A ressaca
passageira de não articular bom dia. Bom dia, bom dia. Bom dia será? Estranho
em mim. Estranha fórmula de vida. Incongruente capacitação num único fatal
plano de concepção. De tão forte esvazia. Cataliza e come. Amassa pela eloquência.
Fere pela certeza. Certezas esvoaçantes assentam em maturadas estruturas anti-sismo.
Não posso em mais uma insónia de toque de sino lamber feridas. Lamber seja o
que seja. Não rima com insano, insegurança da forçada fuçada composição que não
dança nas realidades fragilizadas que invento. Só mais só Eu fico. Vitimizo-me
sem qualquer conforto receber. Tenho fome na correria de encontro a um prazer
que não vem, não sustem, nada tem de além além de mim rodeado num emaranhado de
portas que não se abrem. E como poderiam ter aberto perante a constatação de
todos os impulsos em vão? Incompreendido sou um não. Desconseguido
desfragmentado, tão fingido de-simulado, quase anulado. Encerro o trauma de uma
loucura que deixa rasto de caracol simplificado. Mergulhar num limbo
desmesurado de onde lodo sem nado.
Culpas e maus tratos reactivados. Raiva poluente. Ira
inconsequente.
Cocaína desafina. Satisfeita insatisfação que domina na
certeza de uma luta que se aproxima. Onde anda o meu farol? Será que alumia? É
urgente a saída, fundamental é a chegada ao porto confia. Linha.
Tenho a fome de um amor ausente perdido na dor da imaginação
de um ciúme trepador.
Haverá algo mais que possa deixar sair até soterrar? Há
superfície? Haverá chegar? Pobre de mim. Vitima de mim porquê?
Sinto o peso da partida que transmiti olvidado na altitude
do ventre materno onde tudo pode ser e é dado a ver. A doer por vir a ser.
Integrar compreender. Antes de fazer nunca será ver. Antes depois. Tudo ou
nada, sobra o tudo.
Desvendo, desventro, vento vi, ando, transformo: é coxo, é
pouco sobremudo.
Poder voltar é assimilar para estruturar.
A paz e a calma desassossegam-me na eminência de uma
necessidade que voraz-mente ultrapasso na dinâmica de sobrevivente acordado que
me resta nos despojos de uma passada sem direcção.
Tudo o que vivi, escrevi, analisei, estudei ou senti não
veio desta vez por ti. Ocupado enamorado devorado descentrado fiquei só,
desenraizado. Maturado e com carga de profundidade amarrada, fui avisado, em
baleia transformado, congregado e num livre acesso libertado.
Não posso, não sei, não consigo, nem quero pré-assumir sequer
que assumi que a queda de um anjo seria somente a semente que desconfiei poder
ser. Sabendo-o, saboreio-o agora. Confirmo-o profundamente como uma broca
furando um ventre.
Desenrolho-me na luz da cidade que me viu nascer. E se o
arrependimento amamenta-se? Mamo tudo o que nesta distancia deixei mal feito.
Despeito vitórias que agora longe sabem a sangue, a solidão implodida em
fragmentos de erros rearranja-dos em frágeis franjas rocócó. Pela fome
insaciável dos outros que nem vêem. Intrínseca masturbação de um joguete
brilhando de toda a merda que vim trazendo. Trazendo nas costas passado se
avança para nenhum lado. Quadrilátero embruteci na ausência de presentes
memórias do que vivi.
Esfrego-me neste chão, mordo-me contorço-me antes de ir. Espanca-me
o medo de querer terminar com todo o sofrimento que cobarde quero deixar para
trás. Nada mais a fazer, tudo feito.
Lento leito de uma sobrecarga tão presente quanto inaudível por mastigada nos
molares de uma consciência fustigada. Detalhadamente manipulada.
Sôfrego, detesto, desdigo a caligrafia enjaulada retorcida salteada. E suja sem leitura segue sem que compreenda, que este é, depois de lavado, o
primeiro dia do resto de um plano sem vida.
***
15 4 2014
Texto para o segundo acto do monólogo encenado "Operação Vim Ver".
Texto para o segundo acto do monólogo encenado "Operação Vim Ver".
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