“Gosto dos bichinhos todos. Mas tenho uma curiosidade estética pelas formas, linhas, espécies e comportamentos dos insectos. Quem me conhece, sabe que contemplo aranhas, filmo louva-a-deus e que sou um exímio matador de melgas. Só consigo realmente adormecer sem zuns. São a única espécie que consigo matar, e confesso retirar algum prazer do processo que regra geral é bem rápitum! Tenho várias técnicas; Acender luzes em locais estratégicos para despistar, armadilhas corporais, electrocussão, esmagamento com almofada, imobilização, patada com o que tiver mais á mão ou afogamento com mija quando as apanho a dormir na fresca da sanita. Contudo, em Angola, comprovei que as espécies de mosquitos locais… pensam! Possuem um instinto de sobrevivência, tenacidade e resistência digno de memória escrita. Instigados pela sede, esta espécie tem comportamentos admiráveis. Um destes chupadores de sangue ficou fechado dentro do meu guarda-roupa durante dias. Aguardou o momento da abertura da porta e atacou-me directo no pescoço. Enxotado com a chanata que lhe chegou a tocar voltou novamente á carga uma e outra vez e mais uma última que o matou de encontro ao meu peito. Perseguem. Se alguém entra numa divisão é possível ver o seu voo rápido com trajectórias objectivas para onde podem desaparecer. Escondem-se em superfícies negras onde ficam ocultos. E ficam mesmo. Com um método calculista, aguardam o sono profundo para sorver tudo o que precisam e voltam a desaparecer para a digestão que os deixa vulneráveis pela lentidão da descolagem. Ficam debaixo das mesas atacando pés e pernas mas longe das mãos que os ameaçam. Escondem-se quando acordamos devido a uma comichão mordaz que só passa na carne viva. Alivia. E têm brinde porque são estes os transmissores de paludismo e malária, as doenças com maior expressão em Angola e arredores. São as fêmeas os veículos de transmissão do vírus que para sempre fica incubado. Com uma só picada, uns têm de mudar radicalmente de planos, outros morrem e os outros sobrevivem”.
“Já vai fazer dois anos que em Agosto conheci um irlandês festivaleiro de óculos graduados. Sorriu-me, aproximou-se, perguntou se se podia sentar no fardo de palha e ali estivemos sem tempo até ao levantar do pé de vento que remexeu de surpresa a poeira. Disse-me pausado que estudava insectos e falou-me de comportamentos incríveis de espécies com nomes impossíveis de memorizar. Sabia e referiu que os seus estudos sobre moscardos eram fundamentais no desenvolvimento agrónomo da nação e que a agricultura do futuro terá a colaboração directa de muitos lavradores com antenas. Fertilizam, polinizam, colonizam e controlam o desenvolvimento de espécies parasitas prejudiciais à cultura. A conversa continuou sem espinhas e confessou-me assertivamente que vivíamos na era dos insectos. Dinossauros: extinção. Insectos: continuação, evolução, mutações por adaptabilidade e florescimento como nunca. E disse mais. Se uma entidade extraterrena avalia-se o nosso planeta e calcula-se a biomassa das diferentes espécies residentes na bolinha azul... verificava que as espécies insectívoras pesam mais! E estão na dianteira desde há muito tempo. Nesse momento saltei do fardo de palha pela constatação da sua certeza científica. Não sei se o que me disse é verdade, e nem sequer me perdi na pesquisa, mas recebi que ao contrário do que normalmente pensamos acerca do “nosso” planeta, Ela não é assim tão “nosso”. Somos somente uma parte integrante de um Sistema e só depende de nós ficarmos na Sua História como a espécie vírus que desequilibra, ou a espécie que curou, reconciliou e garantiu uma continuidade sustentável com o Todo...
- Alguém chama o meu nome. Parece que finalmente chegou a minha vez e não convém nada esquecer-me do radio-diagnostico.
2 Fev. 09
4 comentários:
Sabes que nunca sofri com os mosquitos, porque dizem que não tenho sangue doce. Raramente sou picada e os zuns zuns passam despercebidos quando o sono ataca, mas... Aprendi a matar todos aqueles que vejo e depois de 5 meses de treino já os apanho em voo, nas calmas.
Aprendi que não os pudemos varrer da nossa vida, pk afinal chegaram antes de nós!! Viva a convivência com a Força Aérea Angolana...
PS: Compra uma raquete!!! É tiro na asa e voo picado!
Sabes que sim, não é? Sabes que sorvo cada palavra tua...
... fez dói dói, foi? As minhas massagens davam jeito agora ao pézinho...
:)
É a ciencia dos mosquitos!!adoro-te muito e sinto mt a tua falta.manda-me o teu contacto telefonico po mail please.beijocas mt grandes e tudo o mais
Logo agora que estava tão entretida na leitura, tinham que te chamar...paciência!
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