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"As coisas avançam devagar. Tenho no bolso a ponta de um lápis.
Qual o desafio? Escrever alguma coisa que possa comunicar a vários níveis, como um parábola, isenta do estigma de astúcia.
Qual o sonho? Escrever alguma coisa sublime, que seja melhor do que eu e que justifique as minhas provações e os meus erros. Oferecer uma prova, através de uma determinada maneira de usar as palavras, de que Deus existe.
Porque escrevo? O meu dedo como um estilete, desenha no ar um ponto de interrogação. Uma obsessão familiar de que me lembro desde criança quando me retirava das brincadeiras e do convívio com os amigos e me afastava da eventuais delícias do amor para ficar cercada de palavras e dominada por uma pulsão que me era externa.
Porque escrevemos?, pergunta em uníssono o grande coro de quem escreve.
Porque não nos podemos limitar a viver".
Patti Smith
in Devotion
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