13 de dezembro de 2022

Chove a cântaros


 

Agradeço a tua presença, esse olhar leitura, curiosidade ou o que seja que aqui vindo desejas, Agradeço.

Passam semanas sem aceder aqui, como se esquecer fora possibilidade. Voam meses sem que actualize, fixe aqui o que quero que seja. Deixar o querer trouxe o silencio a este lugar que sereno contrasta com as redes que alimento com assiduidade impulsiva e que a custo faço que entendo no deslize da serotonina. Aqui, um sentimento de refúgio secreto que se prolonga sem ofuscar. Uma distancia reservada que agrada e ata. Por um lado, agrada-me a sombra fresca longe da confusão das avenidas, anúncios buzinas e esplanadas barulhentas com palhinhas. Aqui, chupo a azeda num passeio sem destino programado, além de tu. Só ver chega tanto que o caminho se desfolha na gratitude de cada momento. Por outro lado, é bloqueio o arrastar do lastro com pouca corrente, sem vento nem rota aparente. Preciso sem depender do reflexo da tua pluma calada por volumes comandados, pós de arroz e segmentos. Perdão. O peso flutua sobre uma inconsistente massa de memória que indolor se tornou um estar, uma forma de olhar, um ser que só, solitário, sem reflexo ou mensagem não é. Ser. Ser corpo só não tem completo, afecto ou o reflexo vivo do olhar. Desalmado, se torna relíquia de cheiro a mofo, pó no escuro esquecido, carga de lixo arremessada pela janela num abafo de contentor. Delete. Libertação? Delete. Insatisfação? Delete de nada. Silêncio pausa. 

Nada se ouve, a cântaros chovia.

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