22 de julho de 2024

Carregado de fresco

 


 

Sonhos tépidos, coloridos por um silêncio abstracto.

Sequências de palavras encarriladas por rimas que me despertam de um sono tão necessário.

Suspiros encontrados na distancia de um encontro que me apazigua.

A cadência melódica de um mantra por compreender.

O café duplo e um queque que justificam a ardência de um cigarro.

Uma folha em branco mármore que casa com a vontade sem o desejo de preenchimento.

O desenho reencontro da caligrafia que me leva. Linhas como ondas de te ver no descobrir desfolhado dos mistérios do sentir.

Assobio a leveza de me descobrir na corrente de um dessaguar imprevisto, improviso.

Só, movimento-me e espero no inesperado que se sedimenta no fundo de um lago onde habitam carpas e nenufares alheios ao instante da leitura. Da sua inocente existência emana a  beleza irradiada na cintilância das águas que se agitam.

A voz cristalina de uma criança, uma montanha com socalcos, uma oração e o vento na copa dos plátanos, agora.

Observa-me a fotografia envelhecida de um piano empoeirado de memórias por tocar. Cada nota, cada acorde, cada silêncio diluído na partitura arranhada pela pena da idade. Tenho asas num corpo inteiro, frugal alquimia, alimento. Monumento.

 

Sabes meu bem, não se ganha a um espelho que não concorre. O ganho és tu na expansão estruturada da vida tão maior que nosotros. O infinito pulsar, o desenho por fazer que se desvenda no respiro de quem se põem a jeito de entender o medo.

O essencial fruta humildade na coerente vontade de cada ramo que brota do tronco que continua a raiz. Tem doçura nisto de que pensar as árvores que foram semente, noutro tempo, noutro estar. Elementar.

No reconhecimento dos opostos, transcendência é sinónimo de vida e dança-lo no calor da verdade disponível, a liberta liberdade servida na tua entrega, por, com e pelo amor a banhos numa segunda-feira de Sol.

 

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10 de julho de 2024

Paté de Shiitake